No domingo, 31 de outubro de 2021 foi um dia chave para a definição do destino da humanidade. Mais de 100 líderes Mundiais e outras dezenas de milhares de participantes se reuniram na abertura da COP 26, reunião da UNFCCC ( Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas) que aconteceu este ano em Glasgow, no Reino Unido. 

Foram  2 semanas de exaustivas discussões e negociações entre 195 países para buscar soluções para o combate ao aquecimento global. A meta principal incluída na Agenda 2030, é evitar que o aquecimento da temperatura média do planeta chegue a 1,5 graus celsius.

Na abertura do evento, a secretária executiva da Convenção-Quadro ONU sobre Mudança Climática,  Patricia Espinosa, trouxe em seu discurso a esperança de que este seja um momento do despertar para uma era de resiliência e foi contundente ao definir que será um momento onde terão que fazer duras, mas muito claras, escolhas: entre mudar os rumos para garantir um futuro mais equilibrado para as próximas gerações ou, de condenar definitivamente os hoje jovens à um futuro duro e sombrio. 

Patricia Espinosa – Secretária executiva da Convenção-Quadro ONU sobre Mudança Climática

O acontecimento da conferência neste momento é fundamental para trazer à tona os resultados obtidos até aqui que não são nada animadores. Os planos nacionais para contribuir com  o Acordo de Paris não foram cumpridos e se esta realidade não for mudada, dificilmente chegaremos em 2030 com um aumento de temperatura inferior à 2 graus celsius.

Incêndio devasta ilha de Guanaja nas Honduras – 02/10/2021 – fonte: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/1844333/incendio-devasta-ilha-de-guanaja-nas-honduras

Estamos em um momento emergencial! Não há mais tempo para postergar ações de reduções drásticas nas emissões. Como salientou a secretária, “ Cada dia que passa sem se implementar o Acordo de forma integral, é um dia perdido. Este dia perdido tem repercussão no mundo real, para pessoas em todo mundo, principalmente os mais vulneráveis.”

Mesmo com o cenário crítico, ainda há espaço para esperança desde que as nações comecem imediatamente a cumprir com seus compromissos. Também entrou em destaque o auxílio necessário para países em desenvolvimento que precisam fazer adaptações mais dramáticas para realizar as transformações necessárias de reduções das  emissões de Gases Efeito Estufa (GEE) para atingirmos a meta. Essa transição da humanidade é sem precedentes em sua história, seja em escala, velocidade ou finalidade. Ou seja, nunca foi tão necessário, nem tão globalizado e muito menos tão rápido.

Relatório do IPCC: mudanças profundas estão em andamento nos oceanos e no gelo da terra – 02/10/2021 – fonte: https://www.ecodebate.com.br/2021/08/09/relatorio-do-ipcc-mudancas-profundas-estao-em-andamento-nos-oceanos-e-no-gelo-da-terra/

Para o presidente da COP 26, Alok Sharma, a conferência de Glasgow, cujas discussões se iniciaram na segunda, 01 de novembro,  poderiam ser a última e melhor esperança de se manter o limite de temperatura média da terra dentro do esperado. Mas isso não foi o suficiente para que o resultado fosse animador. Mesmo com tantas apresentações de soluções reais, mesmo com  tantos apelos dos países em desenvolvimento que estão sofrendo mais com as mudanças climáticas, as respostas  do documento final colocam em cheque a segurança global.

Pela primeira vez se falou em reduzir o consumo de combustíveis fósseis, o que à primeira vista parece um avanço, embora a meta deveria ser de eliminação e não de redução. As etapas de redução também são em prazos muito alongados, o que deixa o questionamento sobre o sucesso da redução das emissões. 

Outro ponto de avanço foi o comprometimento de cerca de 120 países a deter e reverter o desmatamento até 2030 e um novo fundo foi aprovado para zerar o desmatamento ilegal nesta mesma data.

Um ato importante também foi a regulamentação dos créditos de carbono, permitindo que países emissores comprem os créditos de países que conseguem sequestrar gases efeito estufa. Porém as mitigações (reduções de emissões ou emissões evitadas a partir de uma nova estratégia ou novas fontes de energia por exemplo) não entraram nessa regulamentação e continuam em aberto, infelizmente. Mitigações são fundamentais para a redução das emissões e precisam de mecanismos regulamentares para seu incentivo. Segundo especialistas, não há área (nem tempo) suficiente no planeta para que a neutralização seja eficaz o suficiente para evitar o aquecimento de 1,5 graus até 2030.

Independente das negociações e acordos entre as nações, ficou claro que empresas e cidadãos precisam também fazer a sua parte. Num planeta onde desastres ambientais como inundações, incêndios, furacões e desertificações se tornam cada vez mais comuns, fica muito evidente que é mais interessante investir em regenerar o que foi degradado do que levar o sistema à exaustão com prejuízos irreparáveis para toda a humanidade. O mercado financeiro e o mercado consumidor já deram o seu recado de apoiar os negócios que se preocupam em mais em serem os melhores para o planeta do que os maiores do planeta. E é desta forma que a mudança acontecerá.

 E afinal, qual é a sua escolha?